Tudo começou quando minha professora de Psicologia da Pós-Graduação, Ana Lúcia Manrique, pediu, na aula, para que fizessemos uma redação com o título "Como eu aprendo?". Nesse momento eu me dei conta de que nunca havia parado para pensar nisso. Fiz um texto meio de qualquer jeito lá na hora, pois não havia tempo para muitas reflexões. Contudo, a partir disso, passei a me deparar constantemente com momentos de reflexão sobre questões do tipo: como eu aprendo? por que eu aprendo? o que é importânte aprender? e blá-blá-blá.
Fiquei tão fissurado pelo assunto que, no início das aulas deste ano, a primeira atividade que propus aos meus alunos do ensino médio foi: "Escreva uma redação com o título 'Como eu aprendo?'". O resultado foi surpreendente! Muitos dos alunos escreveram que, assim como eu, nunca haviam pensado nisso antes. Alguns deram depoimentos de revolta com relação à escola, que deixa muito a desejar, e com relação aos colegas, que tumultuam as aulas e atrapalham a concentração. Outros, porém, conseguiram caracterizar de maneira brilhante, salvas suas limitações, seu próprio processo de aprendizado, e ainda complementaram o tema respondendo a questões relativas ao "porquê aprender" e ao "o quê é importante aprender".
Depois dessa experiência, voltei a pensar no texto que tinha escrito na aula da Pós e resolvi refazê-lo. Hoje percebo que minhas reflexões têm me surpreendido um pouco. Acho que estou no meio de um processo de ampliação da concepção que tinha sobre aprendizagem, que é consequência das novas respostas que tenho obtido para as questões acima.
Pelo que me lembro, houve um tempo em que eu considerava o aprendizado como um ato em sim mesmo, ou seja, aprender simplesmente por aprender. Mas hoje o simples aprender por aprender já não faz tanto sentido para mim. Continuo sim considerando o ato de aprender como uma das tarefas mais prazerosas que posso realizar, mas já não quero mais aprender qualquer coisa, de qualquer jeito.
Dizer que nem professores nem alunos estão seguros e preparados para responder questões relativas a como, porquê e o quê é importânte aprender é, no mínimo, otimista. Eu ouzaria dizer que muitos alunos e professores me chamariam de ridículo por estar interessado por este assunto, afinal de contas a gente aprende porque é importânte, importânte para a vida, para poder ser alguém, e ser alguém é importânte para ter um emprego, e ter um emprego é importânte para a vida, e ter uma vida é importânte porque... Ah, porque sim!