terça-feira, 11 de agosto de 2009

Você já pensou em como você aprende?

Hoje acordei com uma vontade estranha de escrever sobre aprendizagem. Será que é grave?? Acho que não! Tenho lido tantas besteiras em blogs por ai que estou até revendo meus conceitos (e preconceitos) quanto à valorização das minhas idéias. Talvez tenha sim alguma utilidade um texto escrito por um cara leigo, mas com sede de filosofia, ou talvez um cientista novato, mas não menos curioso... Gostou ou quer mais? Heheheheheh. Vamos aos fatos.

Tudo começou quando minha professora de Psicologia da Pós-Graduação, Ana Lúcia Manrique, pediu, na aula, para que fizessemos uma redação com o título "Como eu aprendo?". Nesse momento eu me dei conta de que nunca havia parado para pensar nisso. Fiz um texto meio de qualquer jeito lá na hora, pois não havia tempo para muitas reflexões. Contudo, a partir disso, passei a me deparar constantemente com momentos de reflexão sobre questões do tipo: como eu aprendo? por que eu aprendo? o que é importânte aprender? e blá-blá-blá.

Fiquei tão fissurado pelo assunto que, no início das aulas deste ano, a primeira atividade que propus aos meus alunos do ensino médio foi: "Escreva uma redação com o título 'Como eu aprendo?'". O resultado foi surpreendente! Muitos dos alunos escreveram que, assim como eu, nunca haviam pensado nisso antes. Alguns deram depoimentos de revolta com relação à escola, que deixa muito a desejar, e com relação aos colegas, que tumultuam as aulas e atrapalham a concentração. Outros, porém, conseguiram caracterizar de maneira brilhante, salvas suas limitações, seu próprio processo de aprendizado, e ainda complementaram o tema respondendo a questões relativas ao "porquê aprender" e ao "o quê é importante aprender".

Depois dessa experiência, voltei a pensar no texto que tinha escrito na aula da Pós e resolvi refazê-lo. Hoje percebo que minhas reflexões têm me surpreendido um pouco. Acho que estou no meio de um processo de ampliação da concepção que tinha sobre aprendizagem, que é consequência das novas respostas que tenho obtido para as questões acima.

Pelo que me lembro, houve um tempo em que eu considerava o aprendizado como um ato em sim mesmo, ou seja, aprender simplesmente por aprender. Mas hoje o simples aprender por aprender já não faz tanto sentido para mim. Continuo sim considerando o ato de aprender como uma das tarefas mais prazerosas que posso realizar, mas já não quero mais aprender qualquer coisa, de qualquer jeito.

Dizer que nem professores nem alunos estão seguros e preparados para responder questões relativas a como, porquê e o quê é importânte aprender é, no mínimo, otimista. Eu ouzaria dizer que muitos alunos e professores me chamariam de ridículo por estar interessado por este assunto, afinal de contas a gente aprende porque é importânte, importânte para a vida, para poder ser alguém, e ser alguém é importânte para ter um emprego, e ter um emprego é importânte para a vida, e ter uma vida é importânte porque... Ah, porque sim!

domingo, 2 de agosto de 2009

Acabando de perceber o poder da história

Sabe aquela sensação que dá quando você entra numa biblioteca e fica pensando: "Mew, quanta coisa ainda tenho pra ler... Nunca vou dar conta de tudo!!", depois tira um monte de livros da prateleira e fica lendo o resumo da parte de trás da cada um, quase lambendo os beiços?? Pois é, eu sentia isso de segunda a sexta-feira, quando dava aulas de reforço na sala da biblioteca da escola, no semestre passado.

Foi inesquecível! Tinha dias que torcia pra não ir aluno nenhum pra aula, para eu poder ficar lá sozinho lendo. E minha torcida era tão eficaz que consegui ler quase uma prateleira inteira de livros de matemática que encontrei.

Antes de terminarem as aulas do semestre, aproveitei para pegar um desses livros para ler nas férias. Era um que tinha deixado por último porque era enorme. "O teorema do papagaio" (ou, como disse minha mãe na primeira vez que viu: O terremoto do Paraguai), de Denis Guedj. As últimas 100 páginas terminei de ler hoje. É um verdadeiro 'thriller' da história da matemática, como estampado na capa. INCRÍVEL!!! Recomendo a todos, e gostaria muito de saber a opinião de um não-matemático, para ter uma idéia de qual a impressão tida por esse ao percorrer boa parte do universo da matemática por meio de sua história. Minha irmã falou que vai ler... Quero só ver!

Quanto a esta idéia de abordagem da matemática por meio de sua história, achei surpreendente. Tinha assistido aulas de história da matemática na faculdade mas, apesar de o professor ser ainda hoje uma referência na área, seu enfoque foi extremamente macanicista e algorítmico. Ah, como eu queria ter ouvido todas essas histórias que li no livro, de um professor que as conhecesse bem, que as tivessem estudado com maior profundidade.. Seria uma verdadeira viagem!

Sem contar que com essa leitura comecei a obter muitas respostas que talvez nunca teria conhecido se tivesse continuado me afundando nos cálculos (isso realmente estava me saturando!). Eu não tinha noção alguma sobre a epistemologia do conhecimento matemático e sobre o porquê de ensinar e de continuar aprendendo essa matéria.

"Como eu posso convencer os meus alunos da importância de se aprender Matemática, se nem eu estou convencido disso?" é uma questão que tem me acompanhado ultimamente. Não estou certo de que estou realmente convencido dessa importância, parece que ainda falta muita coisa a saber, para que eu possa fazer algumas ligações mais completas. Em todo caso, no 'teorema do papagaio' o próprio autor ressalta que "as verdades da ciência necessitam de belas histórias para que os homens se apeguem a elas". Ta aí, acho que preciso aprender a contar histórias...