segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sobre a monografia e a falta de tempo

Há momentos na vida em que você tem que escolher: ou escreve no Blog ou termina sua monografia. Mediante muito esforço, mas muito mesmo, escolhi a segunda opção. Excepcionalmente hoje resolvi parar pra respirar uns dois minutos  e passei por aqui antes de retomar. Fez falta... Então, para compensar o tempo que estive distante, ai vai um resumo daquilo que tomou toda a minha atenção durante estes últimos dois meses. Resumo da minha monografia:


Ensaios sobre a construção do conceito de Desvio Padrão: contribuições do jogo Enigma do Histograma
Esta pesquisa teve por objetivo explorar as potencialidades didáticas do jogo Enigma do Histograma no processo de construção e desenvolvimento do conceito de desvio padrão por professores de matemática. Esse jogo é um aplicativo computacional desenvolvido pelo próprio autor em pesquisas anteriores e consiste em uma seqüência de situações-problema envolvendo os conceitos de média e desvio padrão, a serem resolvidas a partir de um histograma interativo. Realizamos a aplicação do jogo para cinco alunos do curso de Mestrado Profissional em Educação Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo durante uma aula da disciplina de Estatística Descritiva cedida pela professora. Todos os participantes eram professores de matemática em exercício e já haviam tido contato com os conteúdos que estávamos trabalhando, tanto na graduação quanto no mestrado. A análise da aplicação evidenciou a grande dificuldade dos participantes em interpretarem a média e o desvio padrão a partir do registro gráfico, sem a utilização dos algoritmos de cálculo, e a fragilidade da apreensão conceitual sobre essas medidas apresentada pelos mesmos. Consideramos que o jogo contribuiu para elevar o nível de raciocínio utilizado pelos participantes na interpretação tanto da média quanto do desvio padrão, por viabilizar o apuramento dos argumentos explicitados por eles a partir de um processo de reflexão. Contudo, a mediação do pesquisador e da professora que acompanhou a aplicação, nesse processo, foi fator fundamental  para promover o avanço no nível de raciocínio – que não chegou a ser mensurado devido à limitação do tempo. Nesse sentido, sugerimos que, em pesquisas futuras, esse jogo seja estudado como parte integrante de uma sequência didática e seja avaliado por meio de uma escala adequada de níveis de raciocínio estatístico.

Palavras-chave: Desvio Padrão, Conceito, Jogo

sábado, 18 de setembro de 2010

Reflexões sobre Educação em Dora Incontri

Há cerca de três meses ouvi o nome de Dora Incontri pela primeira vez, em uma conversa informal durante um almoço na casa de meu pai. A partir dai, passei a me dedicar à leitura e ao estudo de uma de suas mais belas obras: o livro "A Educação segundo o Espiritismo". Esse livro se tornou meu companheiro inseparável nesses últimos dias. Hoje, com satisfação, e já com um pouco de saudades pelo fim do livro, venho tecer alguns comentários e, como não poderia deixar de fazer, registrar algumas frases de impacto expressas pela autora.  

Inicialmente, é necessário ressaltar que se trata de um livro instigante e inquientante. Daqueles que proporcionam uma semana de reflexão por parágrafo lido. Escrito de maneira clara e objetiva, passível de ser compreendido tanto por espíritas quanto por não-espíritas. Dora Incontri traz uma visão de Educação que integra as múltiplas vertentes do desenvolvimento humano, o que preenche de maneira coerente e fundamentada as lacunas da pedagogia atual. É um livro que não pode esperar mais para ser lido.

Eis, a seguir, algumas frases do livro que julguei interessantes, divididas por capítulos: 


IV. Fundamentos da Educação
"Educação é toda influência exercida por um Espírito sobre o outro, no sentido de despertar um processo de evolução. Essa influência leva o educando a promover autonomamente o seu aprendizado moral e intelectual. Trata-se de um processo sem qualquer forma de coação, pois o educador apela para a vontade do educando e conquista-lhe a adesão voluntária para uma ação de aperfeiçoamento." (p. 42)
"Educar é pois elevar, estimular a busca da perfeição, despertar a consciência, facilitar o progresso integral do ser." (p. 42)
"Educação intelectual é mais do que isso. É despertar a capacidade de auto-instrução, é formar o pesquisador de verdade, o amante da sabedoria, e provocar um ímpeto de busca e não apenas entregar algumas informações." (p. 45) 

XII. O Educando na Adolescência 
"Num planeta inferior como o nosso, ainda a predominância é do mal. Apesar disso, existem exceções. É preciso procurá-las com atenção." (p. 125)
"É claro que para se ter personalidade e ser diferente dos outros, não é preciso adotar atitudes que choquem a maioria, apenas com o objetivo de ser original. Pode-se perfeitamente usar calça jeans e ter uma cabeça própria. Mas é preciso proporcionar a oportunidade de reflexão e crítica, em que o indivíduo construa seu raciocínio e sua visão de mundo, sob a inspiração de pessoas elevadas e ideias sensatas e não se deixe invadir pelas vagas, confusas e incoerentes visões, que lhe chegam de toda a parte." (p. 126)

XVI. A Educação Moral 
"A moralidade é o pano de fundo, sobre o qual todas as outras qualidades do Espírito ganham brilho. O atraso moral, ao contrário, ofusca as mais belas conquistas da inteligência e da criatividade, da Ciência e da Arte." (p. 152)
"...pois quando, nas mínimas ações, perseveramos na execução até o final, vamos aprendendo a dominar a vontade." (p. 157) 

XVII. Educação Intelectual
"A concepção mais comum e ainda vigente em nosso sistema escolar é baseada muito mais na memória de conteúdos prontos do que num real desenvolvimento da mente." (p. 165)
"O próprio progresso material e tecnológico, científico e humanista do mundo está nos indicando algo que deve fazer parte do nosso Espírito: o empenho permanente de aprender e renovar-se, descobrir e elevar-se." (p. 165)
"A tecnologia hoje contribui para a democratização do conhecimento, pelas mídias e pela informática. [...] O que resta ao homem? Tudo. A criação, a interpretação subjetiva, filosófica, a sensibilidade, o julgamento crítico, a interação global do conhecimento..."
(p. 165-6)


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ajude-me a lutar contra isso!

Há tanta gente defamando a educação hoje em dia que quando você tenta ter uma opinião diferente é quase banido da conversa. Às vezes é melhor desistir e se juntar à maioria, maldizendo os professores, os governantes, os alunos, as escolas, as diretoras, os pais, as mães, as emissoras de televisão... Enfim, tem hora que sobra até pra Deus.

O processo é este: os mais velhos da "tribo" se encarregam de ensinar às próximas gerações toda a cultura "reclamística" que foi se desenvolvendo no decorrer dos anos. Então os mais novos - com exceção dos prodígios da "tribo" que desenvolveram o dom de questionar - de tanto ouvir, começam a repetir. Rapidamente, de tanto repetir, esses passam a criar uma ideologia. E acreditando naquilo, passam a defender, a colocar em prática, a fazer virar realidade.

Eu pergunto apenas: Valeu a pena???

E Fernando Pessoa me responde: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."

E eu volto a perguntar: Mas e quando a alma é sim pequena? 



Cri... Cri... Cri...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Educação & Vida


"A única finalidade da vida é mais vida.
Se me perguntarem o que é essa vida, eu lhes direi que é mais liberdade e mais felicidade.
São vagos os termos.
Mas, nem por isso eles deixam de ter sentido para cada um de nós.
À medida que formos mais livres, que abrangermos em nosso coração e em nossa inteligência mais coisas,
que ganharmos critérios mais finos de compreensão,
nessa medida nos sentiremos maiores e mais felizes.
A finalidade da educação se confunde com a finalidade da vida."

         (Anísio Teixeira)



Google Imagens
 

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Muita Informação & Pouca Disposição

"Acredito no desenvolvimento profissional baseado no domínio do conteúdo, óbvio. Mas sinto que é insuficiente. Não importa que questões você está perguntando se, enquanto você as faz, os alunos estão correndo pela sala de aula." (por Elizabeth Green, publicado no The New York Times em 07/03/2010).

Quando começo a ler textos sobre educação, tudo parece ficar tão óbvio, tão claro. Chego a não entender porque há tanta dificuldade em transformarmos o contexto da educação brasileira. Mas percebo que é a falta de informação, ou melhor, a falta de interesse por essas informações, que contribui para mantermos uma prática estagnada, se não regressiva.

O problema é cada um querer ir por si, achar que é bom o suficiente e que é capaz de promover educação sozinho. Infelizmente ainda há muita ignorância nesse meio docente. Mas, como já dizia Paulo Freire, educação é política, não éh? E como é de conhecimento geral da nação, o problema da política é especificamente a ignorância. Sendo assim, a solução seria lutar contra ela. Mas como?

Simplesmente não me atrevo a pensar em estretégias para essa batalha. Até porque das muitas que já existem, apenas de mínima parte tenho conhecimento. Vou aqui, portanto, lutando contra a minha própria ignorância, estudando e praticando, estudando mais e praticando ainda mais. É quase que uma musculação docente. Sei que não vou conseguir mudar o mundo, mas se eu ficar musculoso já tá bom!

AbraÇOs

sábado, 21 de agosto de 2010

Construindo um Professor Melhor

Eis alguns trechos do artigo 'Construindo um Professor Melhor', publicado no jornal The New York Times, em 7 de março de 2010, por Elizabeth Green.

"Matemáticos precisam entender o problema apenas para si mesmos; professores de matemática precisam conhecer matemática e saber como 30 mentes podem entendê-la ou (des)entendê-la, e levar cada uma dessas mentes do não saber ao domínio. E precisam fazer isso em 45 minutos ou menos."


"Isso não era nem puro conhecimento do conteúdo nem aquilo que os educadores chamam de conhecimento pedagógico, um conjunto de fatos que independem do conteúdo da disciplina [...] Ball chamou isso de Conhecimento Matemático para Ensinar (ou M.K.T. na sigla em Inglês)."


"Ele teorizou que isso incluía tudo o que se compreende como matemática comum, entendida pela maioria dos adultos, até a matemática que apenas os professores precisam saber [...] ou qual é o sentido dos erros mais comuns e cotidianos que os alunos tendem a cometer quando começam a aprender." 


"No coração do M.K.T. estava a habilidade de sair de sua própria cabeça, de descentrar-se. Ensinar depende do que as outras pessoas pensam, disse Ball, não do que você pensa." 


Só pra eu não esquecer mais pra frente. Vou pensar sobre isso e volto a escrever.

Até mais.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

E eu que pensei que seria fácil


Como ficou explícito no meu último post, eu pensei que fosse ser fácil escrever sobre o tema que vem perturbando minhas idéias nos últimos tempos. MAS QUE ILUSÃO! Somente quando parei para escrever foi que descobri que não tenho condições de fazê-lo. Pelo menos não por enquanto. Quem sabe daqui uns 40 anos...

Só pra não deixar o clima de mistério, vou falar do que se trata. Na verdade eu queria descrever o que entendo por EDUCAÇÃO. Eu bem que tentei, mas não consegui. Simplesmente porque não sei. Tudo o que tenho são conjecturas e hipóteses que a experiência se encarrega de refutar. Assim fica difícil!

Mas para não perder a viagem, e para não deixar que este post vire apenas mais um desabafo sem nexo, acho interessante comentar o último fato que me inspirou algumas boas reflexões acerca do tema Educação.

Aconteceu em uma das minhas aulas de canto, de terça-feira à noite. O professor lá falando, falando e eu cá pensando, pensando... Às vezes aproveitava algumas das palavras dele para acrescentar às minhas idéias. Mas, de repente, fui obrigado a abandonar minha introspecção para reverenciar uma surpreendente metáfora. 

Dizia ele que, logo quando começamos as aulas de canto, ele pediu para que eu cantasse algumas músicas e percebeu que eu tentava ajuntar vários artifícios musicais de maneira descoordenada. Nesse sentido, informou que sua intenção seria me fazer conhecer cada um daqueles artifícios, de maneira a dominá-los, controlá-los e coordená-los.  

Ora, o que mais poderia ser Educação se não um processo de conhecimento das próprias potencialidades de modo a dominá-las, controlá-las e coordená-las? Afinal, nossa vida não é mesmo um cantar descoordenado quando não temos educação? 

Simples e objetivo, não? 
Nem tanto!!!
Educação é isso sim. Mas isso não é tudo. 
E o tudo? 
Sobre o tudo a gente pode conversar daqui uns 40 anos...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Reaquecendo os motores

 Sai que faz muito tempo que não posto nada neste blog. Parece que tudo por aqui andou meio esquecido, mas garanto que não é nem por falta de interesse, nem por fala de vontade.
Quase todos os dias acesso esta página e fico lendo e relendo os textos anteriores e esperando a próxima inspiração. Encaro isso como um exercício, uma atividade interessante.

E essa inspiração sempre vem!!! 

Dá vontade de escrever sobre tudo.
Mas sobre tudo o que? São tantas coisas...
E é ai que está o problema!

Tenho lido muitos blogs em que os donos pensam que estão escrevendo em um diário. Escrevem todos os seus dramas e frustrações, como que para limpar a chaminé.
Acho realmente muito pertinente essa atitude de descarregar tudo o que se está sentindo; ajuda a reorganizar as idéias. Mas qual é a vantagem de mostrar isso publicamente?

Meu último post foi um desses descarregos. Relendo-o várias vezes, percebo que não está de acordo com o que pretendia para meu blog. Por isso que parei de escrever.
Já fazem quase 9 meses que não escrevo mais nada. Mas encaro esses 9 meses não como uma falta de interesse em continuar escrevendo, mas como um processo de gestação. Assim também se defendia Friedrich Nietsche, não é mesmo? Pois é, acho que aprendi com ele!

Vim aqui hoje apenas para informar que esse período de gestação parece estar chegando ao fim. Parece que consegui amadurecer algumas idéias - coisas simples - mas provavelmente muito em breve elas estarão apresentadas aqui.

Saudações e até a  próxima!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Será que o sonho acabou?

Parece que nada mais me faz ter ânimo para voltar à escola. Parece que nada mais me motiva, inspira, comove ou impulsiona. Tudo parece tão frio, sem sentido, grande, determinado, conformado, outorgado. E todos os sonhos e os ideais, as expectativas e os planos, as idéias e as convicções, eram como castelos de areia que com o soprar do vento vão se desfazendo, e hoje já não existem mais. O que esperar do futuro? Será que esta é uma prova de que fiz a escolha errada? Ou será que estou vivendo uma provação para testar minha aptidão para a carreira de educador? Enfim, quantas coisas terei que mudar em mim para conseguir aceitar que eu não posso mudar o mundo? E se tenho que admitir que não posso mudar o mundo, será que então o sonho acabou?