quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Desabafo de professor, no dia do professor

Pois é, mais um 15 de outubro: DIA DOS PROFESSORES!

"Dia dos professores não trabalharem... Dia de ficarem matando aula..." Foi o que ouvi hoje cedo de uma vizinha, que ainda completou: "Que absurdo, meus filhos nunca têm aula; têm que ficar todos os dias em casa..." Esse certamente foi um ótimo início de dia. Mas não parou por ai. Ao entrar hoje no Orkut para ver meus recados, deparei-me com a seguinte mensagem: "Oi professor chato, Feliz dia dos Professores. Só não te dou presente porque você não merece!"

Revoltas à parte, confesso que não esperava receber tantas mensagens de cumprimento por esse dia. Além desses inconvenientes, já li tanta coisa boa hoje que até me inspirei para vir aqui escrever. Quero dar minha contribuição para homenagear esse profissional tão desvalorizado no contexto social atual; esse que quase sempre se sente frustrado por não conseguir educar os filhos dos outros; esse que sonha com a simples possibilidade de um dia viver num mundo melhor, acreditando que um dos principais fatores que contribuem para a realização desse sonho é a educação.

Sem entrar no âmbito da generalização, quero falar sobre a minha concepção de professor. E tenho tanta coisa pra falar que nem sei por onde começar. Vou começar falando que ser professor foi uma das tarefas mais frustrantes que já realizei na vida, pois sempre tentei dar o melhor de mim e fazer as coisas da melhor forma possível, mas ainda não obtive bons resultados. Eu até admitiria que o erro está em mim, em minha prática, se não tivesse certeza de que cerca de 90% dos professores também passam por isso, porém sem falarem abertamente. Essa é uma verdade que se constata simplesmente observando!

Quase todos os dias, dentro da escola, ouço frases do tipo: "Mas você é tão novo! Porque vai ficar sofrendo dando aula? Você tem muito potencial pra ficar desperdiçando aqui. Escolhe qualquer outra coisa, certamente você terá muito mais sucesso profissional." Devo admitir que, querendo ou não, uma hora vou ser obrigado a aceitar esse conselho. Realmente não é possível viver simplesmente sendo professor nos dias de hoje. A Engenharia que me aguarde! Mas mesmo trabalhando em outra coisa, sinto que nunca deixarei de ser professor.

Como ouvi certa vez, de um senhor extremamente inteligente que coordena o grupo de crisma na minha comunidade, "professor não é uma profissão, é um sacerdócio!" Acredito que ser professor é uma arte, uma ciência, uma filosofia... É a consciência da incompletude, é a sede por conhecimento, é uma reunião de enfrentamentos, é a necessidade de luz e ao mesmo tempo a própria luz. Um professor é muito mais professor para si mesmo do que para os alunos, na incessante tarefa de tornar seus conhecimentos tácitos em explícitos. Professor é um ser raso que, por ter consciência disso, almeja se tornar profundo.

Quando penso no contexto da educação no mundo atual, quase não consigo esconder minha decepção. Sempre me pego tentando encontrar culpados pelo fracasso da escola. Mas ultimamente tenho pensado nisso de uma forma diferente. Acho que o ser humano ainda não tem amadurecimento suficiente para compreender e reger esse complexo sistema que é o da educação. Ainda temos muito a evoluir para descobrirmos qual o verdadeiro papel do professor, se é que este termo "professor" ainda existirá no futuro...

Não me lembro muito bem, mas li uma vez, no livro 'Escritos da Maturidade' de Albert Einstein, alguma coisa dizendo que a educação deve ser livre e democrática, e uma forma de se atingir isso é tirando o poder do professor. Percebo que estamos realmente convergindo para algo desse tipo. É necessário desorganizar completamente o antigo sistema para gerar uma nova organização. Se não conseguimos ver resultados em curto prazo, talvez as próximas gerações possam conceber uma nova forma de se encarar a educação.

E nesse sentido eu começo a pensar que não tem fundamento dizer que os jovens de hoje não têm valores morais, pois, na verdade, o que são valores morais? Essa é uma questão muito particular... Eu, enquanto professor, tenho que deixar que meus alunos vivam todas as inovações e experiências que acompanham a geração deles. Ainda não sei se é correto afirmar isso, mas acho que é o professor que tem que se adaptar às mudanças comportamentais da atualidade. Não adianta julgar os alunos por ouvirem funk, usarem roupas curtas ou falarem de sexo cada vez mais cedo. Essa é a realidade e cabe a nós aceitarmos e adequarmos nosso trabalho a esse contexto.

Não sei se realmente concordo com tudo isso que escrevi no último parágrafo, mas tentarei esclarecer melhor minhas idéias e volto a escrever sobre isso num próximo post! Até mais.

Um comentário:

Gabriela disse...

Thiago , diante de tantos parabéns deixo o meu aqui também pelo seu dia !
Bom professor como qualquer profissão que se cabe , tem suas dificuldades preconceitos e poem etc ai .
Mas diga-se de passagem que você pode se considerar um grande guerreiro de muitas partes , pois você mexe com vidas valores com coisas que daqui algum tempo serão lembradas e levadas como exemplos por meros alunos que quiseram absorver o que você chego a passar do outro lado do jogo de sala de aula. Faça isso com prazer pois são poucos os professores hoje em dia que se preocupam com o que estão passando , de bom ao seus alunos ou se eles estão afim de entender!
Tudo de bom na sua profissão que você almeje o que quer , e que consiga transparecer todo esse desejo de quem quer ensinar o quanto já sabe e o quanto quer apreender com seus alunos.
Boa sorte.

Ando seguindo por aquii !